Lá fora a chuva cai, e eu continuo aqui sentada a vê-la cair na esperança que tu chegues e me tires deste pesadelo. Pouco a pouco os meus olhos tornaram-se maia e mais pesados, pouco demoram a fechar-se por completo, é o fim da minha esperança.
Tu chegas, eu durmo, paras o carro e sobes, bates mas eu continuo a dormir! Insistes e eu acordo com o teu bater brusco na porta, corro para abrir e lá estás tu, à chuva como sempre!
Que lindo que estás, a chuva sempre te favoreceu a cara, mas principalmente os olhos! Eu olho-te à porta, debaixo de chuva e não digo nada, não sei que dizer! E tu sorris, com esse enorme sorriso que só em ti conheço!
“Tinha saudades tuas!”
E tu voltas a sorrir, como se a chuva não te tocasse, não pedes para entrar nem tentas entrar! Pegas na minha mão e fazes-me sair sem sequer te perguntar qual seria o destino, simplesmente fecho a porta e agarro a tua mão com anda mais força! Não podes imaginar o quanto és importante...
Queres que entre no carro, e não precisas de palavras para me fazeres entender isso, eu entro e tu ficas a olhar-me como se fosse a primeira vez que eu estou aqui sentada!
Pouco depois estamos a andar, eu não sei para onde, mas não te pergunto, confio em ti, e se voltas-te depois de tanto tempo longe é porque tens algo importante para me dizer! Mesmo sem te perguntar onde me levas, sinto que só pode ser a um sítio, ao nosso sítio, à nossa praia...
Rapidamente lembro-me de todas as outras viagens que fizemos, estou aqui sentada ao teu lado mas apenas o meu corpo, pois eu estou a viver o passado, a sentir o teu beijo e o teu toque...
Reconheço tudo isto, que saudades que tinha de ver isto ao teu lado... Desde que aqui passamos juntos nunca mais voltei, esta viagem é uma coisa muito nossa, impossível de se fazer de outra maneira...
“Chegamos...”
Sorriu, sempre foste de poucas palavras, poucas mas claras, só com uma palavra tua percebi que tinhas tanto receio do que podia acontecer como eu, e penso “não tenhas, se voltas-te e se eu te aceitei de volta é porque não tinha que terminar!”
Voltas a pegar-me na mão e juntos caminhamos pela fina areia da praia, e chove, chove muito, por isso não há mais ninguém aqui, só eu, tu e o mar!
Tenho tanto para te dizer não sei por onde começar, quero dizer-te o quanto é bom estar aqui outra vez contigo, que tive saudades, que nunca pensei que volta-se...
“Eu nem sei...”
E tu calaste-me, beijaste-me como há muito não o fazias, senti um enorme arrepio percorrer-me e senti aquela adrenalina de quem pisa o risco! Percebi que não queres que fale, queres que viva o momento sem o modificar com palavras.
Tu sorris de uma forma diferente, não encontro significado para esse sorriso... A chuva cada vez é mais mas isso parece não te afectar. De repente sinto a tua mão largar a minha e vejo-te correr para o mar... Fico parada a ver-te mergulhar, tu sorris e chamas-me para junto de ti, mantenho-me parada e tu voltas...
Abraças-me, beijas-me e quando dor por mim estou a sentir as ondas no meu corpo e tu bem perto de mim, sorris...
“Não tenhas medo...”
E eu calo-te, beijo-te e sorriu, querias com tudo isto que confiasse em ti e eu sempre confiei... Abraças-me e aqui ficamos, durante horas, onde ninguém nos separa...
A chuva cai e nós sorrimos...